sábado, 25 de outubro de 2014

COMEÇO DE UMA VIDA

(continuação)
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O início da minha trajetória como operador do Direito se deve a uma grande amiga – dentre as tantas que tive na Faculdade de Direito – Elizabeth Diniz, ou Beth para os amigos, que, além de competente advogada, era também jogadora de vôlei nas quadras do Clube Forense de Belo Horizonte, onde exercitava o seu talento desportivo.

Mas, além das suas qualidades de operadora do Direito, Beth tinha uma qualidade que fazia dela um inigualável ser humano, que é a solidariedade e o desejo de ajudar as pessoas; e, mesmo para mim, que a conhecia, surpreendeu-me.

Eu tinha passado no concurso para procurador da República – o primeiro, até então, realizado no país – tendo feito as provas escritas em Belo Horizonte, mas não tinha a menor condição financeira de deslocar-me para Brasília, onde seriam realizadas as provas orais; nem tinha um parente que pudesse emprestar-me dinheiro para investir na minha pretensão de me tornar um procurador da República.

Certo dia, encontrei-me com Beth, que estava acompanhada do noivo, Saint’ Clair, mais tarde seu marido, tendo ela me perguntado quando seriam as provas orais do concurso de procurador da República.

Contei-lhe, nessa oportunidade, o meu drama, dizendo-lhe que provavelmente não faria essas provas, pois seriam realizadas em Brasília, e eu não tinha recursos para me manter naquela capital durante tanto tempo. Neste momento, Beth me disse sem pestanejar: “De jeito nenhum. Você vai fazer as provas, sim, e ficará hospedado conosco; não é Saint’Clair?” O noivo nem teve tempo de raciocinar, e foi logo concordando: “Claro, você ficará hospedado conosco, com muito gosto”.

Foi assim que, a convite do casal, fui para Brasília, fiz as provas orais, fui aprovado, e tomei posse no cargo de procurador da República. O que o casal Saint’ Clair fez por mim, poucos, naquelas circunstâncias, teriam feito, pois me hospedou na sua casa, onde ainda permaneci por algum tempo, até que me casei com Tetê, vindo a ocupar um pequeno apartamento na Asa Norte do plano piloto de Brasília.

Foi assim que me tornei procurador da República, vindo a fixar residência em Brasília. A par das grandes alegrias que a capital me proporcionou, pois lá nasceram minhas duas filhas, belas e inteligentes candanguinhas, Luciana e Bianca, essa cidade me deu também a maior tristeza de toda a minha família, pois de lá partiram os ventos que formaram o maldito furacão que me atingiria no dia 13 abril de 2007, que foram o mandado de prisão temporária e de busca e apreensão dos meus bens e o injustificado despojamento da magistratura. 
(continua na próxima semana)
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Trecho do livro OPERAÇÃO HURRICANE: UM JUIZ NO OLHO DO FURACÃO (Geração Editorial), encontrável nas livrarias SARAIVA e TRAVESSA (Rio), e também em www.livrariasaraiva.com.br, www.travessa.com.br, www.bondefaro.com.br, www.estantevirtual.com.br e em outras livrarias do País.
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