domingo, 1 de janeiro de 2012

NÃO ACREDITEI QUE SE TRATASSE DE UM MANDADO DE PRISÃO EXPEDIDO POR UM MINISTRO DO STF.

"Confesso que não acreditei que se tratasse de um mandado expedido por um ministro do Supremo Tribunal Federal, a uma, porque competente para me processar e julgar era o Superior Tribunal de Justiça; e a outra, porque esse Tribunal me tinha me dito que nada havia lá contra mim.
Vou morrer sem entender porque, sendo eu um magistrado que nenhum risco podia oferecer à segurança pública, e muito menos às investigações feitas contra mim, tive que ser acordado às 5 horas da manhã, com um contingente de policiais federais armados até os dentes, pondo em risco a integridade física e mental da minha família, quando bastaria ao ministro Cezar Peluso determinar-me que me apresentasse a ele, ou me considerasse detido na minha residência até se ultimasse a busca e apreensão ou se complementassem as diligências por ele determinadas.
O que primeiro me ocorreu, naquele momento, foi ligar para o ministro Carlos Velloso, já aposentado, meu amigo desde os meus tempos de estudante, meu padrinho de casamento, e que poderia me ajudar a esclarecer o que estaria ocorrendo, já que morava em Brasília e, por certo, teria o telefone do ministro Cezar Peluso, mas, para minha desventura ele estava viajando.
Lembrei-me, então, de ligar para outro amigo, o saudoso ministro Peçanha Martins, então vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça, para me ajudar a certificar a autenticidade da ordem, mas ele me disse que não tinha o telefone do colega do Supremo Tribunal Federal, retornando-me, depois, a ligação, para me dizer que o ministro Cezar Peluso tinha viajado para São Paulo."
(Trecho do livro "Operação Hurricane: Um juiz no olho do furacão", encontrável em www.bondfaro.com.br".

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